Os Maltrapilhos eram um povo distinto, não extinto.
Eles tinham medo. Viviam isolados, se escondendo de tudo e de todos. Quem olha para eles pensa: "Em que década eles vivem?". Por mais que haja diferença entre cada ser humano, as pessoas tendem a extirpar todo e qualquer que dissimila e destoa da grande massa. Julgam que alguns são uma aberração.
Renato era um menino simples, aparentemente sem problemas. Era também muito tímido, mas ele não se sentia sincero. A começar consigo mesmo. Certo dia, resolveu ir na reunião dos M.A. (Maltrapilhos Anônimos), Renato pediu a palavra e disse:
Longe dessa confusão e dessa gente que não se respeita. Tenho quase certeza que eu não sou daqui. Vai ver que é assim mesmo e vai ser assim pra sempre. Vai ficando complicado e ao mesmo tempo diferente. Estou cansado de bater e ninguém abrir...."
Após uma breve pausa, ele continuou:
"Me deixa ver como viver é bom. Não é a vida como está, e sim as coisas como são. Você não quis tentar me ajudar. Então, a culpa é de quem? A culpa é de quem?"
Após uma breve pausa, ele continuou:
"Me deixa ver como viver é bom. Não é a vida como está, e sim as coisas como são. Você não quis tentar me ajudar. Então, a culpa é de quem? A culpa é de quem?"
"Preciso de oxigênio, preciso ter amigos. Preciso ter dinheiro, preciso de carinho. Acho que te amava, agora acho que te odeio. São tudo pequenas coisas e tudo deve passar..."
Embora questionasse tudo o que estivesse vivendo e sentindo, Renato sabia que aquilo um dia passaria. Por mais à vontade que os maltrapilhos se sentissem na companhia uns dos outros, ainda se sentiam deslocados. Afinal, o que por muito tempo era um problema pessoal, se tornou público.